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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A ARTE DE DYDHA LYRA

Oil painting, Vase of Flowers - Lyra Private collection Maria Elisabete Nobre.
Church Street from the Sun. Collection Dr.John Hugo Vergetti Lyra.
Drawing with brush and ink.
ABSTRACTION!
 









Tocador de Pífano de Marechal Deodoro, Al .
Por Dydha Lyra



Aguada de Marechal Deodoro - Al , por Dydha Lyra.


BICO DE PENA DYDHA LYRA


Copyright © 2010 by Dydha Lyra
All right reserved. 


 Aquarela Igreja de Marechal Deodoro / AL
por Dydha Lyra


Retrato do músico João Lyra, com nanquim.
Por Dydha Lyra.


Pescadores da Avenida da Paz, pincel e nanquim.
Por Dydha Lyra.


Jangadas da Avenida da Paz.
Por Dydha Lyra.


Barco de pesca da Avenida da Paz.




Natureza Morta, aquarela de Dydha Lyra.



FAÇA SEU RETRATO ,UMA OBRA DE ARTE É ETERNA!!!


 Dr. Estácio Gama, Desembargador Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas.
Pastel de Dydha Lyra.


 Dr.Isnaldo Bulhões, Presidente do TRiBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ALAGOAS
Pastel de Dydha Lyra.

Dr.Orlando Manso, Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas.
Bico de Pena de Dydha Lyra.


Desembargador Pedro Mendonça.
Pastel Dydha Lyra.


 Desembargador Paulo Roberto.
Pastel Dydha Lyra. 
Aqui você tem uma pequena mostra de minha arte como pintor.Sempre gostei de ressaltar os valores culturais de minha terra! Uma aguada de Jaraguá , e um bico de pena do Guerreiro Alagoano, o mais puro folclore!!!




Jaraguá aguada de Dydha Lyra.


Copyright © 2010 by Dydha Lyra
All right reserved.

domingo, 11 de julho de 2010

CRÔNICAS DE ANGÉLICA LYRA.




UM TREM CHAMADO ALZHEIMER
                                             
                                           Angélica Lyra


A Cada dia mais distante de nós! É o que sempre respondo quando perguntam como está mamãe.
É que ela embarcou num trem conduzido pela Doença de Alzheimer. Este trem que, até chegar ao seu destino, sem nenhuma consulta ao passageiro, o condutor, vai aos poucos, arremessando pela janela aquilo que há de mais precioso no ser humano – a sua memória.
De início, durante alguns anos, quando tentávamos nos comunicar com ela, percebíamos que sua memória estava fragmentada, muito dela já havia sido jogada e, a cada dia que passava, pouca coisa restava. Quando conversava só lembrava-se do que acabara de dizer, repetindo várias vezes o mesmo fato e, ou, fazendo as mesmas perguntas.
Mas o pior estava por vir! Quando da visita dos filhos, olhava-os como a um estranho. Eu perguntava:
- Sabe quem é Mamãe?
E como se tivesse vergonha de dizer que não sabia quem era ela respondia com um sorriso:
- Não lembro o nome, mas sei que é uma pessoa minha.
Isso doía na alma. Quando se tratava de pessoas amigas, com muita satisfação, sempre com um sorriso nos lábios ela dizia, sem nunca lembrar o nome:
- É gente minha, da turma da velha guarda!
Hoje não identifica ninguém – seja da família ou amigo. Hoje quase não sorri!
Otempo passa, e o trem segue viagem, Das paisagens que ainda consegue visualizar durante o percurso nada fica registrado ou fotografado por sua memória.
Não satisfeito com tudo que arremessa pela janela, e em parceria com a artrose começa a inutilizar suas mãos que já não acenam, gesticulam ou se estendem para abençoar. As mãos que antes desta viagem afagavam com carinho, com desvelo a si e aos seus, hoje se encontram sem movimentos; dos dedos antes flexíveis, hoje só há fracos movimentos em uma das mãos.
E dessas mãos, dos braços e pernas que nas atividades do cotidiano permitiam-na cumprir suas tarefas de esposa, de mãe, de dona de casa, apenas em nossa memória permanece. A estrutura física, antes forte e robusta, hoje é frágil, sem a musculatura antes responsável por seus movimentos. Nesse trem, para descansar o seu corpo nessa enfadonha viagem, ela só pode usar uma cadeira de rodas ou uma cama onde passa a maior parte do tempo.
Uma mulher forte e bonita; um “tipão” de mulher que conseguiu encantar o único amor de sua vida e fazer-se amada por ele; reconhecidamente uma mulher que apesar de todo o sofrimento a que foi submetida em algumas fases de sua vida, com amor, dedicou-se exclusivamente ao esposo enquanto vivo, aos filhos, ao seu lar, aos familiares, aos amigos, a Deus, a amar o próximo, hoje, numa contagem regressiva, busca o útero materno, esperando (sabemos que está próximo), o seu nascimento para outra vida. Ao invés de um adulto de noventa anos, para nós, diante de seu estado, é bem mais fácil vê-la hoje como a um bebê com pouco mais de nove meses, com todas as necessidades inerentes a uma criança. È assim que a vemos, é assim que a tratamos: como a uma criança.
Maldito trem, esse conduzido pela Doença de Alzheimer! Além da memória, tira-lhe também o controle do sono – às vezes dorme demais, às vezes de menos ou não dorme; tira-lhe, o convívio consciente com os entes queridos; seus movimentos; seu entendimento; sua paciência... Mas, nunca conseguiu tirar-lhe o amor, a ternura, o carinho pelos filhos, netos, bisnetos (quando se identificam); a sua fé em Deus e muito menos abalar a sua sensibilidade musical. A música, que em seus momentos de dor, de angustia, de saudade, consegue aliviar o seu sofrimento, suavizar o seu semblante, iluminar a sua alma e transportá-la para onde ou para quem a saudade naquele momento determina. É um momento em que ela consegue ficar insensível a todos os sintomas impostos pela doença. Ouvindo uma voz que canta, ou uma música que toca, ela relaxa o seu corpo, renova o seu espírito, aquieta a sua agitação, e, ao conciliar o sono, pela sobriedade de sua fisionomia, viaja ao encontro de seus sonhos, onde com certeza, estão a sua casa, seus pertences, seus familiares e amigos, já que quando acordada, a Doença de Alzheimer, impede-a de reconhecê-los como tal.

São José da Laje, junho de 2008