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segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Uma noite memorável
Arlene Miranda
No último sábado, o público alagoano viveu momentos de intensa emoção ao assistir ao show do cantor alagoano Dydha Lyra, este lajense de voz vibrante que, com extraordinária interpretação, prestou um tributo a Nelson Gonçalves, um dos maiores cantores brasileiros dos últimos tempos.
Para aqueles que tiveram o privilégio de assistir ao show de Dydha Lyra naquela noite memorável, foi como se voltassem a um passado de beleza, lirismo e encantamento, quando a voz de Nelson Gonçalves no auge de sua carreira embalava os corações dos enamorados: “Negue seu amor e seu carinho/ Diga que você já me esqueceu./ Vive machucando com jeitinho/ Este coração que ainda é seu./ Diga que meu pranto é covardia/ Mas não se esqueça/ Que você foi minha um dia…”
Basta ouvir, ainda hoje, uma canção na voz de Nelson Gonçalves, através dos inúmeros discos que ele deixou, para se emocionar e perceber que, numa canção, a interpretação é fundamental, tanto quanto a beleza da música. Ou seja, que o amor, a dor-de-cotovelo, a noite, o luar, as estrelas e até mesmo o cabaré, se misturam e se aproximam de um verdadeiro hino. E esse hino foi o que nós assistimos, sábado passado, na voz maravilhosa de Dydha Lyra; uma proximidade entre o deleite e a emoção, criando um elo especial entre o cantor e seu público, fazendo com que, naquele instante, um sentimento maior eclodisse no coração de quantos o aplaudiam.
Que empolgante apresentação! Interpretação perfeita, impecável, dolente, emocionante. Os versos das músicas que fazem parte do repertório do notável cantor gaúcho, em sua maioria de autoria de Adelino Moreira, ganharam especial ternura na voz do Dydha, deleitando o grande público presente à Churrascaria Gaúcha.
Vale dizer que, desde a adolescência, sou fã ardorosa de Nelson Gonçalves e, como tal, não pude me furtar ao desejo de cantar, junto às demais pessoas presentes, as músicas apresentadas por Dydha Lyra, cujas letras sei todas de cor, emocionando-me até as lágrimas. Essas músicas (sambas-canções, boleros, tangos) me remeteram a momentos vividos de extrema emoção. A malemolência do seu ritmo dolente, a beleza de suas letras e a maviosidade da voz do Dydha ao interpretá-las, fizeram-me voltar no tempo e mergulhar num estado de imorredoura saudade, quando se enaltecia e valorizava o luar, a poesia, o amor e a beleza da vida; quando as pessoas amavam mais e traiam menos, quando se podia andar na noite sem medo.
Em seu show, Dydha, com a primorosa escolha das músicas que fizeram a glória de Nelson Gonçalves, compôs um cenário todo especial, que encheu nossos corações do mais tocante êxtase, levando ao centro do salão os pares românticos, que dançaram até o término do show. Eram, provavelmente, casais que também viveram as emoções que embelezaram décadas passadas, onde predominavam a ternura e o lirismo.
Num dos intervalos, um espetáculo à parte: a apresentação dos dançarinos Carlyle Rosemond e Gabriela Macedo, que deram um verdadeiro show, flutuando no salão com admiráveis números de tangos.
Além de extraordinário cantor, Dydha é também um talentoso artista plástico e inspirado poeta, cuja beleza de seus poemas é conferida nas reuniões do Movimento da Palavra, grupo poético composto de importantes nomes da poesia alagoana, do qual ele faz parte.
Parabéns, Dydha, pelo belíssimo show, uma visão de tudo o que, em sua voz, se faz canção.
Sobre o autor
Arlene Miranda é jornalista e escritora (membro da Academia Maceioense de Letras)
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Dydha, meu admirável amigo, obrigada pela postagem de minha crônica sobre o seu maravilhoso show, um tributo ao inesquecível Nelson Gonçalves, que encheu meu coração de emoção. Obrigada por me proporcionar a alegria de reviver indeléveis saudades de momentos inesquecíveis de minha vida. Com meu abraço. Arlene.
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