ANONÍMIA
Dydha Lyra
Photo Copyright © by Angélica Lyra
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Esse cheiro verde... de lembranças
embaçadas de manhãs lajenses,
desperta a memória sonolenta.
Pedras, enlodadas de Rio Canhoto,
formam um colar musguento de pérolas verdes,
na cabeceira do meu buliçoso rio,
que segue alegre, saltitante, cantando...
Uma brisa fria te acaricia
e norteia teu caminhar
em busca do oceano...
onde, com certeza,
morrerás anonimamente.
E eu, meu rio,
se não te encontro em meu leito,
(nessas horas em que me invades e me tomas),
morro encharcado,
no pântano movediço das lembranças,
que em mim se fez,
desde o alvorecer.
embaçadas de manhãs lajenses,
desperta a memória sonolenta.
Pedras, enlodadas de Rio Canhoto,
formam um colar musguento de pérolas verdes,
na cabeceira do meu buliçoso rio,
que segue alegre, saltitante, cantando...
Uma brisa fria te acaricia
e norteia teu caminhar
em busca do oceano...
onde, com certeza,
morrerás anonimamente.
E eu, meu rio,
se não te encontro em meu leito,
(nessas horas em que me invades e me tomas),
morro encharcado,
no pântano movediço das lembranças,
que em mim se fez,
desde o alvorecer.
Copyright © 2010 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Insônia I
A solidão desta noite
embarca num trem de ferro
e viaja dentro de mim.
Parto... na bagagem,
um facho de luz em alvoroço
derrama gente,
bichos,
fogo corredor,
caboclinhas,
caiporas,
coisas que cantam,
dançam, brincam,
e flutuam...ziguezagueando,
na ferrovia.
derrama gente,
bichos,
fogo corredor,
caboclinhas,
caiporas,
coisas que cantam,
dançam, brincam,
e flutuam...ziguezagueando,
na ferrovia.
O olhar arregalado agora é:
pião de goiabeira,
bola,
bala,
baladeira,
nado rios,
chupo canas,
e no manto da bananeira,
beijo escondido, acanhado ,
a boca primeira...
Ah,
essa noite morna,
banhada de Rio Canhoto,
escorrendo preguiçoso nos pés
das serras que cachimbam,
bola,
bala,
baladeira,
nado rios,
chupo canas,
e no manto da bananeira,
beijo escondido, acanhado ,
a boca primeira...
Ah,
essa noite morna,
banhada de Rio Canhoto,
escorrendo preguiçoso nos pés
das serras que cachimbam,
murmureja segredando a canção
que me traz vida!
que me traz vida!
Trem de ferro devagar...
É outono,
adormece a madrugada,
pois, careço das manhãs!
LASSIDÃO
agora
minhas mãos
tremulas inquietas
te buscam na madrugada
e trazem outono n’alma
esse frio vazio
escorregadiço por entre os dedos
mancha nossos lençóis
adornados de lascívias
assim
me consome o querer
noite a dentro...
afago tua ausência
( tão plena do que não somos )
ou um dia
quiça
sonhamos
amantes
simplesmente
amantes...
Copyright © 2010
by Dydha Lyra
All rights reserved.
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Inquietude
Dydha Lyra
Tateando o vazio...
(que deixaste na negra imensidão de mim),
tão repleto de emanações voláteis,
cujo odor se adorna de languidez e inquietude,
busco a cada instante,
qual náufrago perdido na ilha distante do querer,
um gesto, um alento pro meu alado coração,
ora encharcado pelas lágrimas da indiferença,
amordaçado pelo sórdido adeus,
desde que calaste, abruptamente,
ensejando pausa na sinfonia
da ópera-bufa
do meu frívolo existir.
Copyright © 2010 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Calmo estás agora,
meu Rio Canhoto,
e de ti já não tenho medo.
Sabes, meu rio,
dia desses,
sob um céu plúmbeo e friorento,
saíste de tua habitual placidez.
E, assim como nós humanos,
quando tomados de cólera e desatinos,
cometeste inconsequentes temeridades,
arrastando, de um jeito torpe e incônscio,
tudo que obstruía
teu caminhar de rio...
E mostraste o quão forte és.
Deste-nos a certeza
de teu temperamento cíclico
e incognoscíveis momentos.
Ademais,
não te condeno, meu rio,
também sou assim...
Quando foste agredido em teu leito maior,
assoreado pela ganância descomedida do progresso,
devolveste com a mesma moeda,
e revelaste a face quase desconhecida,
ou esquecida,
de tua indignação,
ao longo de todos esses anos.
Tu,
assim como eu, meu rio,
quantas e tantas vezes nos reprimimos,
ao sermos envilecidos em nossos mais primitivos
desejos de liberdade...
Transformamo-nos, então,
e ficamos, destarte,
transfigurados,
a cometer
os mais incoerentes desvarios...
(São próprias da natureza humana
essas singularidades.)
Por tudo isso,
recebas, meu rio,
minha compaixão,
e me aconchegues outra vez no teu leito,
sobre tuas pedras mornas,
que exalam de tuas fendas musguentas
um hálito ainda matinal,
atenuado no entardecer
lânguido,
lajense.
Sou, pois,
teu irmão,
teu viço,
teu remoinho,
tua tiborna;
teu espírito cristalizado
reluzente sob o sol
e sobre as pedras,
de dualismo transparente
nos olhos d’agua da mãe serra;
ou, simplesmente,
redemoinho barrento,
turvo,
impenetrável,
na tua infatigável
ira de ser.
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meu Rio Canhoto,
e de ti já não tenho medo.
Sabes, meu rio,
dia desses,
sob um céu plúmbeo e friorento,
saíste de tua habitual placidez.
E, assim como nós humanos,
quando tomados de cólera e desatinos,
cometeste inconsequentes temeridades,
arrastando, de um jeito torpe e incônscio,
tudo que obstruía
teu caminhar de rio...
E mostraste o quão forte és.
Deste-nos a certeza
de teu temperamento cíclico
e incognoscíveis momentos.
Ademais,
não te condeno, meu rio,
também sou assim...
Quando foste agredido em teu leito maior,
assoreado pela ganância descomedida do progresso,
devolveste com a mesma moeda,
e revelaste a face quase desconhecida,
ou esquecida,
de tua indignação,
ao longo de todos esses anos.
Tu,
assim como eu, meu rio,
quantas e tantas vezes nos reprimimos,
ao sermos envilecidos em nossos mais primitivos
desejos de liberdade...
Transformamo-nos, então,
e ficamos, destarte,
transfigurados,
a cometer
os mais incoerentes desvarios...
(São próprias da natureza humana
essas singularidades.)
Por tudo isso,
recebas, meu rio,
minha compaixão,
e me aconchegues outra vez no teu leito,
sobre tuas pedras mornas,
que exalam de tuas fendas musguentas
um hálito ainda matinal,
atenuado no entardecer
lânguido,
lajense.
Sou, pois,
teu irmão,
teu viço,
teu remoinho,
tua tiborna;
teu espírito cristalizado
reluzente sob o sol
e sobre as pedras,
de dualismo transparente
nos olhos d’agua da mãe serra;
ou, simplesmente,
redemoinho barrento,
turvo,
impenetrável,
na tua infatigável
ira de ser.
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A lição.
Atmosfera de éter,
um quarto em penumbra.
Imagens fantasmagóricas se esboçam,
na mente e na parede;
e ofegantes, irônicas,
por um instante, riem de mim...
E se fantasiam de glicemia, febre,
pressão arterial, arritmia...
invandindo-me os minutos, horas e dias,
como se não me bastasse viver,
ou sonhar com o amanhã...
Levanto-me e espio pelas frestas da janela:
à luz dos meus olhos
uma árvore velha, moribunda,
que como eu, também, insiste em viver.
Seus galhos, semissecos, semivivos,
me ensinam uma grande lição:
dobram-se, quando uma ave pesada pousa
e descansa, aleatoriamente, sobre si,
alçando voo, logo ao alvorecer ...
E o galhinho fraco,
(que não se deixou abater),
volta à sua postura natural.
Entendi, afinal,
que essa dor,
que ora me invade e maltrata,
também logo passará,
tal o passarinho que voou...
E a vida,
qual galho débil,
renovar-se-á,
trazendo-me, com a esperança,
a certeza de novos amanhãs!
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Compasso 48
Coração, o que é isso?
Que diabo! Responde.
Alegria ou desgosto?
Quase paras as batidas,
no compasso 48!
Sempre te enchi de alegria.
No esporte, foste forte,
quase campeão!
Pleno de música e poesia,
em Gonzaga, Sidney, Christiano, Jobim.
Mozart, Paurílio e Beethoven,
e tu, nada?
Coração, o que é que houve?
Na paleta escolheste as cores,
moldaste o barro com precisão.
Desenhaste o essencial aos olhos,
o que mais querias?
Emoção?
Ah, não coração!
Quando jovem, forte, destemido,
te dei a maior emoção:
deixei pra ti a escolha de tua dona, coração.
A noite te ouviu emocionada,
cantarolando tuas dores, teus amores, ilusões...
Mas hoje, por favor, ouve bem este conselho:
se pegares um violão, não cantes em dor maior,
esse tom te faz mal, coração.
Canta mais alegre, feliz,
no ritmo que a vida ensina e,
não sejas mais tão afoito,
nem me abandones agora,
logo agora...coração,
no compasso 48!
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Companheirismo
insone,
solidão quer me deixar.
Imploro:
fique,
pra que minha saudade
sinta-se acompanhada!
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Solidão em Pajuçara
Trago em mim fantasmas
que me cercam de dia,
e dias que me vestem de noites...
E noites que se desnudam,
lascivas e libidinosas,
bailando num silêncio
de pausa na ópera,
desde a sinfonia do amanhecer...
Pajuçara sem sol
e um mar cinza, cinza, cinza...
Meus olhos ardidos,
vento nordeste
embaçou meu sentir ...
Calo palavras,
nada digo...
Apenas, vejo imprecisa
a paisagem que me olha,
surda e quase muda,
tateando minha solidão castrada,
para que ninguém mais possa senti-la!
que me cercam de dia,
e dias que me vestem de noites...
E noites que se desnudam,
lascivas e libidinosas,
bailando num silêncio
de pausa na ópera,
desde a sinfonia do amanhecer...
Pajuçara sem sol
e um mar cinza, cinza, cinza...
Meus olhos ardidos,
vento nordeste
embaçou meu sentir ...
Calo palavras,
nada digo...
Apenas, vejo imprecisa
a paisagem que me olha,
surda e quase muda,
tateando minha solidão castrada,
para que ninguém mais possa senti-la!
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Mar e mulher
Sozinha,
a mulher olhava o mar.
Seus olhos eram cinzas e molhados.
Não fazia bom tempo...
E sem alarde,
uma gaivota desenha no céu
a palavra saudade!
Copyright © 2006 by Dydha Lyra
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Sobrevivente
Esse triste azul de mar
que flutua em teus olhos
me arrasta pro fundo de mim...
E navego sem calmarias,
em ânsias e desejos,
numa solidão oceânica...
sem rotas margens,
sol, sal, ou gaivotas...
Náufragos,
agonizam meus versos,
encharcados desse azul!
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Madrugada
Cadê forças e coragem
pra remover o chumbo das horas
que se arrastam, fria e lentamente
sobre mim.
A madrugada na vidraça envelhece...
E tece um céu sem lua, nem estrelas,
na imensidão do vazio que deixaste!
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Anjo da guarda
Cinza, fria e lentamente,
se fez a manhã!
Nos olhos, uma luz de ontem
me amanhece.
Despenca da última estrela
um anjo gordo, atônito e bêbado...
Como se pudesse,
escorregando na chuva,
segurar minha mão.
me amanhece.
Despenca da última estrela
um anjo gordo, atônito e bêbado...
Como se pudesse,
escorregando na chuva,
segurar minha mão.
Copyright © 2006 by Dydha Lyra
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O silêncio
Eita que silêncio n'alma!
Minha solidão de tão só e arredia
sufoca meu grito,
amordaça sentimentos
e esbugalha um olhar para o ontem...
...como se pudesse decifrar no passado
a síncope mordaz e ofegante,
debruçada sobre o instante!
Copyright © 2008 by Dydha Lyra
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Aquele olhar
Fugaz olhar!
Por tão pouco... desassossega minha alma,
Por tão pouco... desassossega minha alma,
efêmero instante a desvanecer desejos!
Copyright © 29/05/2008 by Dydha Lyra
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Invasão
aqueles olhos verdes,
tristes e irrequietos...
que juro
nunca ter sentido num olhar
tanta doçura,
desejo
e afeto!
Copyright © 2009 by Dydha Lyra
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Foi ontem
solidão...
E esse hálito de ânsia
nas horas embriagadas,
sem risos
nem alegrias...
Passageiros embarcam
na memória úmida de ontem...
Ferrovias...
E um trem de ferro
desembestado,
fumaçando,
tem destino certo:
meu coração...
O vagão três, lotado...
de meu olhar
com vinte e poucos anos ,
a ver da janela
a paisagem verde,
nas verdes horas,
dos verdes dias!
Copyright © 2007 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Redemoinho...
Águas barrentas salpicam a memória,
removem entulhos do porão de
lembranças...
Um hálito de saudade embaça a vidraça
e se agiganta,
no eco ensurdecedor
do ontem... findo.
Copyright © 2007 by Dydha Lyra
All rights reserved.
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Malquerença
Meu olhar vazio
amordaça e congela lembranças
pra que não me denuncie...
Se ouso lacrimejar,
quebra-se
por malquerença.
Copyright © 2006 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Primavera
Houve um tempo
em que borboletas
bebiam cores.
Ah,trôpegas bailarinas
sobre girassóis,
cravos, margaridas,
rosas, imbés,
antúrios, sempre-vivas!
Rodopiavam e cantavam
a música preferida
dos amantes, quando beijadas,
assim, quase adormecidas...
Só hoje entendi,
era primavera,
e de tão feliz,
apenas sorria.
Copyright © 2006 by Dydha Lyra
All rights reserved.
All rights reserved.
Insônia I
A solidão desta noite
embarca num trem de ferro
e viaja dentro de mim.
Parto... na bagagem,
um facho de luz em alvoroço
derrama gente,
bichos,
fogo corredor,
caboclinhas,
caiporas,
coisas que cantam,
dançam, brincam,
e flutuam...ziguezagueando,
na ferrovia.
derrama gente,
bichos,
fogo corredor,
caboclinhas,
caiporas,
coisas que cantam,
dançam, brincam,
e flutuam...ziguezagueando,
na ferrovia.
O olhar arregalado agora é:
pião de goiabeira,
bola,
bala,
baladeira,
nado rios,
chupo canas,
e no manto da bananeira,
beijo escondido, acanhado ,
a boca primeira...
Ah,
essa noite morna,
banhada de Rio Canhoto,
escorrendo preguiçoso nos pés
das serras que cachimbam,
bola,
bala,
baladeira,
nado rios,
chupo canas,
e no manto da bananeira,
beijo escondido, acanhado ,
a boca primeira...
Ah,
essa noite morna,
banhada de Rio Canhoto,
escorrendo preguiçoso nos pés
das serras que cachimbam,
murmureja segredando a canção
que me traz vida!
que me traz vida!
Trem de ferro devagar...
É outono,
adormece a madrugada,
pois, careço das manhãs!
Copyright © 1999 by Dydha Lyra
All rights reserved.
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Lençois azuis.
Teu corpo adormece
na morosa languidez da carne...
E te vejo assim
no desalinho de lençóis azuis
que acarinham e encobrem
teu ventre de pucela desnuda!
Ah, como te gosto,
como te quero!
Roubarei, com delicadeza e prazer
para que não despertes,
essa luz que se inclina sobre ti,
sem precisar sequer
fragmentar o moribundo
entardecer que já se debruça,
depois de assoalhado
na janela da paixão...
Imaculado de ânsias incontidas,
o silêncio se quebra
no fremir dos lábios que se encontram...
Línguas mornas, ofegantes,
inquietas e antropofágicas
bailam com frenesi no céu de tua boca,
no gran finale
da sinfonia
carnal do desejo!
Copyright © 1999 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Eu e meu espelho.
Guarda-me em ti, meu espelho.
E não me mostres mais a ninguém,
ninguém...
Deixa a longitude dos dias
separar meus sonhos,
desejos , agonias...
para que só em ti,
afague o tempo minh’alma sulcada,
nas fendas adormecidas da razão.
E meu coração,
ah, meu coração,
persevere jovem, magnânimo, altivo!
E quando assim me olhares,
eu...cabisbaixo,
taciturno e comovido,
saberei que me guardaste,
deste-me, por fim,
um abrigo!
Copyright©2009 by Dydha Lyra
All rights reserved.
All rights reserved.
VÁ...
... e se já não me queres
que importa a saudade
se pra existir um dia estivestes em mim
( nos mais íntimos espaços do meu corpo e de min’alma
)
)
preenchendo-me
com a delicadeza da luz de um entardecer
que ora se esvai
trazendo
a lugente ausencia de tudo.
Copyright©2009 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Restlessness
Dydha Lyra
Groping the void ...
(You left in the black immensity of me)
so full of fumes volatile
which is adorned odor of languor and unrest,
I look at every moment,
which lost castaway on the island far from want,
a gesture, an encouragement to my winged heart
now soaked by the tears of indifference,
gagged by nasty goodbye
provided they remain silent, abruptly,
occasioning pause in the symphony
opera buffa
my frivolous existence.
Copyright © 1999 by Lyra Dydha
All rights reserved.
INSOMNIA
The loneliness of this night
embarks on a railroad train
and travels inside.
Birth ... luggage,
a beam of light in an uproar
we pour,
animals,
fire hall
caboclinhas,
hoodoo,
things that sing
dance, play,
... and float zigzagging,
on the railroad.
The eye-popping now is:
pion guava,
ball,
bullet
party girl,
swimming rivers,
suck rods,
and mantle of banana,
hidden kiss, sheepish,
mouth first ...
Ah,
this warm evening,
Lefty bathed in Rio,
runny lazy feet
the hills that pipe,
murmur whispering the song
Which brings me life!
Railroad train slowly ...
It is autumn,
asleep at dawn,
because I lack the mornings!
Copyright © 1999 by Lyra Dydha
All rights reserved.
Dydha Lyra
Groping the void ...
(You left in the black immensity of me)
so full of fumes volatile
which is adorned odor of languor and unrest,
I look at every moment,
which lost castaway on the island far from want,
a gesture, an encouragement to my winged heart
now soaked by the tears of indifference,
gagged by nasty goodbye
provided they remain silent, abruptly,
occasioning pause in the symphony
opera buffa
my frivolous existence.
Copyright © 1999 by Lyra Dydha
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INSOMNIA
The loneliness of this night
embarks on a railroad train
and travels inside.
Birth ... luggage,
a beam of light in an uproar
we pour,
animals,
fire hall
caboclinhas,
hoodoo,
things that sing
dance, play,
... and float zigzagging,
on the railroad.
The eye-popping now is:
pion guava,
ball,
bullet
party girl,
swimming rivers,
suck rods,
and mantle of banana,
hidden kiss, sheepish,
mouth first ...
Ah,
this warm evening,
Lefty bathed in Rio,
runny lazy feet
the hills that pipe,
murmur whispering the song
Which brings me life!
Railroad train slowly ...
It is autumn,
asleep at dawn,
because I lack the mornings!
Copyright © 1999 by Lyra Dydha
All rights reserved.
ANONIMA
This parsley ... memories
Lajense foggy mornings,
memory awakens sleepy.
Stones River Canhoto slimy,
form a necklace of pearls mossy green
at the head of my busiest river
What follows cheerful, bouncing, singing ...
A cool breeze caresses you
and guides your every step
in search of the ocean ...
where, certainly,
die anonymously.
And I, my river,
if not meet you in my bed,
(These hours that invade me and take me)
soaked hill,
quicksand in the swamp of memories,
to me if he did,
since the dawn.
Copyright © 2010 by Lyra Dydha
All rights reserved.
Lajense foggy mornings,
memory awakens sleepy.
Stones River Canhoto slimy,
form a necklace of pearls mossy green
at the head of my busiest river
What follows cheerful, bouncing, singing ...
A cool breeze caresses you
and guides your every step
in search of the ocean ...
where, certainly,
die anonymously.
And I, my river,
if not meet you in my bed,
(These hours that invade me and take me)
soaked hill,
quicksand in the swamp of memories,
to me if he did,
since the dawn.
Copyright © 2010 by Lyra Dydha
All rights reserved.
VÁ...
... e se já não me queres
que importa a saudade
se pra existir um dia estivestes em mim
( nos mais íntimos espaços do meu corpo e de
min’alma )
min’alma )
preenchendo-me
com a delicadeza da luz de um entardecer
que ora se esvai
trazendo
a lugente ausencia de tudo.
Eu e Minha Emoção
Quando canto,
Viajo nas palavras...
E levo uma bagagem
Chamada emoção...!!!
Minha emoção...!!!
Ela sempre me diz :
Mais do que penso,
Do que quero
E sinto de mim mesmo...
Dia desses, disse-me assim:
Quero ver, e ouvir,
E sentir teu coração,
Quando cantas...
E ela viu, e ouviu,
E sentiu, e entendeu,
Porque ele estava mais rubro que de costume:
Cantava um amor, desilusão...
Quando a sentiu,
Meu coração amarelou,
Disfarçou,
Atrasou o ritmo,
E conteve-se, então...
Ele não queria que ela soubesse
De sua vida particular,
Mesmo morando em mim...
Bobagem, pura bobagem, coração!
Sabes, vez por outra, aceleravas,
Batias forte e ofegante,
Quando ela passeava,
Na minha doce ilusão do querer...
Certa feita, a saudade_forte emoção_
Chamou-te a atenção:
Olha,
Movimenta-te...
Tu andas cabisbaixo, taciturno, coração...
Que cara é essa?
Fizeste pouco caso e,
Caíste nas mãos de um cirurgião...
Que te deu uns tapinhas
Para que te tocasses
E voltasses para o teu dono, coração...
Foi aí que eu percebi
O quanto me querias bem...
Pois voltaste forte, alegre, cheio de vida....
E juraste para mim, teu emotivo dono,
Cuidar melhor da minha emoção e,
Não sofrer por mais ninguém...!!!
By Dydha Lyra
Copyright © 2007
All rights reserved.
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PAIXÃO
Não te toco,
Nem te sinto,
Paixão...
Mas, dentro de mim,
Vibram teclas frias
E débil se faz meu olhar,
Se te desnudo virtualmente...
Se mentes, acredito,
Porque sempre assim fiz...
Acreditei nas palavras,
Viajei nas sensações
Da força com que elas produzem,
Com ou sem pudor,
Sonhos fecundos...
Que desnudam teu corpo tíbio,
Cibernético,
Despudorado,
Aético,
Numa simbiose que embriaga
O desejo de amar...!!!
By Dydha Lyra
Copyright © 2007
All rights reserved.
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OUTONO
AH! ESSE VELHO RELÓGIO
POR ONDE DOCEMENTE ESCORREGA O TEMPO,
TEMPO DE IDAS...
TEMPO DE VOLTAS...
E NÓS,
AFAGANDO NOSSAS MÃOS
TÃO FRATERNAS NO OUTONO!
NA MINHA BAGAGEM JÁ PUS NOSSAS VIDAS!!!
SE NÃO TE AVISEI,
PERDÔA...
É QUE DETESTO DESPEDIDAS...
AH! ESSE VELHO RELÓGIO
POR ONDE DOCEMENTE ESCORREGA O TEMPO,
TEMPO DE IDAS...
TEMPO DE VOLTAS...
E NÓS,
AFAGANDO NOSSAS MÃOS
TÃO FRATERNAS NO OUTONO!
NA MINHA BAGAGEM JÁ PUS NOSSAS VIDAS!!!
SE NÃO TE AVISEI,
PERDÔA...
É QUE DETESTO DESPEDIDAS...
By Dydha Lyra
Copyright © 2007
All rights reserved.
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Amor de Ontem
Olhos e silêncio
Mergulham na taça de vinho...
E fez-se pálida a lua
Que também já não é mais nossa...
Uma súbita lágrima cai
E lava o passado
E deixa esse gosto de sal na boca...
Que me
faz forte pro renascer!
By Dydha Lyra
Copyright © 2006
All rights reserved.
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OUTONO
Ah, esse velho relógio...!
Por onde docemente escorrega o tempo...
Tempo de idas...
Tempo de voltas...
E nós,
Afagando nossas mãos
Tão fraternas no outono!
Na minha bagagem já pus nossas vidas!
Se não te avisei,
Perdoa...
É que detesto despedidas...!!!
By Dydha Lyra
Copyright © 1997
All rights reserved.
Copyright © 1997
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PAJUÇARA
QUANTOS MATIZES
PRECISA MEU OLHAR
PRA COLORIR O BEIJO FOGOSO E MORNO
DE TUAS ONDAS
SOBRE PÁLIDAS AREIAS
QUE DEPOIS DE AFAGADAS
EM SEUS MONTES DE SARGAÇOS
IMAGINAM-SE MULHERES
DEFLORADAS POR LUZES
QUE VAZAM DAS SILHUETAS ESGUIAS
DE TEUS COQUEIRAIS.
PRECISA MEU OLHAR
PRA COLORIR O BEIJO FOGOSO E MORNO
DE TUAS ONDAS
SOBRE PÁLIDAS AREIAS
QUE DEPOIS DE AFAGADAS
EM SEUS MONTES DE SARGAÇOS
IMAGINAM-SE MULHERES
DEFLORADAS POR LUZES
QUE VAZAM DAS SILHUETAS ESGUIAS
DE TEUS COQUEIRAIS.
By Dydha Lyra
Copyright © 1997
All rights reserved.
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Se me deixares
Não me deixes nunca, meu amor!
Sem ti, serei folha solta
ao sabor do vento outonal,
colorindo o chão desfolhado d’alma.
ao sabor do vento outonal,
colorindo o chão desfolhado d’alma.
E o mar...
não será verde, nem azul,
apenas cinza, cinza...
Gaivotas tristes sobrevoarão sob a luz débil
do ocaso em que me encontro.
não será verde, nem azul,
apenas cinza, cinza...
Gaivotas tristes sobrevoarão sob a luz débil
do ocaso em que me encontro.
O que farei dos meus dias,
(sempre tão iguais),
se me deixares?
(sempre tão iguais),
se me deixares?
Por favor,
não me deixes nunca, meu amor!
não me deixes nunca, meu amor!
Que direi aos meus olhos,
quando buscarem pouso
no vazio da esperança de voltares?
quando buscarem pouso
no vazio da esperança de voltares?
Minhas mãos, tão esquálidas e nervosas
no adeus, na despedida,
mostrarão que és tu,
minha amada,
minha querida,
a força de meus versos,
a razão de minha vida!
no adeus, na despedida,
mostrarão que és tu,
minha amada,
minha querida,
a força de meus versos,
a razão de minha vida!
Copyright © 24/02/2010 by Dydha Lyra
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Segura minhas mãos,
aquece-me,
preciso de ti.
Sinto frio...
Frio nos pés, nas mãos, na cabeça, n’alma.
Já não bastam tuas mãos em mim,
acolhe-me o espírito fatigado,
dá-me um lenitivo
para meu coração descompassado
e já intruso em mim,
nas vezes que não lhe solicito condolências.
Careço de silêncio,
de coisas fugidias,
movediças no pensamento abstrato,
simbologia matemática infinita...
Ora vacante,
debandado, fustigado,
perdido em mim...
Meus olhos lacrimejam sentimentos,
pela razão hesitante de tudo que fiz,
faço, construo, digo ou calo.
faço, construo, digo ou calo.
Vejo a televisão:
- um homem, gordo, careca,
apregoa Deus e dízimos;
a libertação do espírito
escorre por sua boca,
em direção aos bolsos dos incautos;
festival podre, perverso, desumano,
ilações nefastas e doentias.
Aqui, diante do computador,
vomito, pelos dedos, indignação.
Angustiam-me as horas, os dias,
os anos que hão de vir,
os anos que hão de vir,
quando só me bastariam
a certeza de cada amanhecer,
a paz de um sorriso de criança
e a esperança no amanhã!
Copyright © 24/02/2010 by Dydha Lyra
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VAZIO
E veio a tarde.
A noite escondeu a luz de teus olhos,
fico pensando em ti...
Te vejo agora no céu que construo,
pleno de estrelas piscantes e fugientes.
Eu sei...
és tu,
estrela cadente,
quem devolves o brilho
que a noite robou
quando, de súbito,
se fez em mim
ausência...
A noite escondeu a luz de teus olhos,
fico pensando em ti...
Te vejo agora no céu que construo,
pleno de estrelas piscantes e fugientes.
Eu sei...
és tu,
estrela cadente,
quem devolves o brilho
que a noite robou
quando, de súbito,
se fez em mim
ausência...
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Rua do Cajueiro-107
Saudade tem endereço,
se no peito ela se mete...
Em mim,
Rua do Cajueiro,
número cento e sete.
Ah, distantes dias,
à deriva na memória...
Vejo agora um anjo moreno,
olhos grandes e doces,
cabelos negros, voz singela;
veste linho branco, puro,
imaculado feito minh’alma infantil.
Eu...ali, quietinho,
caladinho, bem ao seu lado,
ouvia seu canto de glória,
assim, quase uma oração!
Aos pés da Virgem Maria,
mamãe falava e eu ouvia
em sua prece
a rogativa de bênção!
se no peito ela se mete...
Em mim,
Rua do Cajueiro,
número cento e sete.
Ah, distantes dias,
à deriva na memória...
Vejo agora um anjo moreno,
olhos grandes e doces,
cabelos negros, voz singela;
veste linho branco, puro,
imaculado feito minh’alma infantil.
Eu...ali, quietinho,
caladinho, bem ao seu lado,
ouvia seu canto de glória,
assim, quase uma oração!
Aos pés da Virgem Maria,
mamãe falava e eu ouvia
em sua prece
a rogativa de bênção!
Copyright © 2009 by Dydha Lyra
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A volta
Quando voltaste, amor,
os pássaros cantaram
desfazendo o silêncio que deixaste
em nós.
E eu...
que andava triste, cabisbaixo e mudo,
agora já encontro alegria em quase tudo...
Sei amor, tudo mudou,
mas, somente depois
que te vi chegar.
A casa e minh’alma
encheram-se de flores
para te receber.
E os meus olhos tristonhos,
(cujo olhar refletia tua ausência)
encheram-se de luz ...de festa
só para te saudar!
Copyright 2010 by Dydha Lyra
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Ausência
Tão imensa quanto a noite
é minha solidão!
E maior meu desespero,
se em mim te espero...
Vaguem estrelas,
esconda-se a lua,
faça-se a noite,
na sombra de tua ausência
que se agiganta, a cada instante,
dentro de mim...
E me consome, sofregamente,
sem o lenitivo
do teu querer.
é minha solidão!
E maior meu desespero,
se em mim te espero...
Vaguem estrelas,
esconda-se a lua,
faça-se a noite,
na sombra de tua ausência
que se agiganta, a cada instante,
dentro de mim...
E me consome, sofregamente,
sem o lenitivo
do teu querer.
Copyright © 2009 by Dydha Lyra
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A espera
E essa lua,
que me acorre em tua ausência,
prolonga mais e mais
o sofrer,
a espera.
E se vão segundos, minutos, horas,
manhãs, tardes, noites...
Ah! Afiados açoites
que marcam meu corpo
e mutilam
o querer.
Copyright © 2009 by Dydha Lyra
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O FIM
Dydha Lyra
Há pouca luz nesse quarto...
( escureço no silencio que se faz em mim,)
Uma espessa cortina chamada ontem,
turva a luz que devaneia esmo ofegante.
Lembranças cálidas e furtivas ,
põem na tua ausência...
uma pausa ,
quiça ,
um fim.
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