“Você me entende?”
Rita Mendonça
Eu faço amor, com a força de quem te ama...
E depois visto minha roupa e sorrio para o mundo,
sem olhar pra trás uma vez sequer.
E sei que isso te nauseia
Afinal, até então,
não conhecias mulher alguma
que se entregasse a gozar e sorrir
e ignorasse o dia seguinte.
Sei que não conhecias mulher
que se despreocupasse com os nomes e os pactos.
Ora, isso era pra ser segredo só dos homens.
Te informo: tenho útero, mas faço parte dessa “irmandade”.
Sinto o preto dos teus olhos
acompanhando meus movimentos todos.
É hora do almoço: devoro-te.
Teus olhos seguem, atentos,
a minha entrega e o meu refazer.
Acompanham-me quando, calmamente,
ponho de volta o meu vestido preto.
Cubro as marcas do que fizemos,
com um preto que nem brilha
e nem brinca com transparências.
Austero.
Refaço-me.
Levo comigo, discretamente,
aqueles cheiros todos
que nas poucas horas
estabelecidas para o repouso de quem trabalha,
nós misturamos em alquimia e a exaustão.
Permanecem só o preto e os odores.
Refaço-me.
Da avassaladora, nada mais existe;
volto à invisibilidade que me cai tão bem.
Há um sinal: um leve decote,
para que teus olhos pretos, cúmplices,
relembrem as fantasia e os segredos de nós,
que guardo displicente e silenciosa.
Sou fantasia.
Entendes?
Em dias de ventania, mostro-me mais.
O vento nordeste adora os meus joelhos.
Os nós dos meus joelhos revelam desejos quentes
E trazem lembranças inconfessáveis,
de almoços memoráveis, celebrações de vida,
encontro entre amigos
dos quais estive inexplicavelmente ausente,
porque te devorava
– uma outra forma de celebrar a vida.
Rita Mendonça, é maceioense , um talento pulsante !!!
O ENCANTADOR DE SERPENTESRita Mendonça..
Eu já sonhava com a textura do teu toque,
quando o palco ainda era tua morada.
Eu já imaginava o calor de tuas mãos,
desde a primeira vez
quando o palco ainda era tua morada.
Eu já imaginava o calor de tuas mãos,
desde a primeira vez
em que te vi acariciar a pele das congas,
ordenando tuas vontades em gestos,
e elas, alucinadas, te obedecendo em ritmos.
Eu recriei em ondas cerebrais o teu grito rouco e forte,
quando meus ouvidos só conheciam
as primeiras nuances de tua voz cantarolando em falsete,
dando ritmo as mulheres que te adornavam o solo.
E já sabia que um dia tu descerias do tablado,
e buscar-me-ia com os olhos em meio ao público.
E quando me achasses, sorririas,
ordenando tuas vontades em gestos,
e elas, alucinadas, te obedecendo em ritmos.
Eu recriei em ondas cerebrais o teu grito rouco e forte,
quando meus ouvidos só conheciam
as primeiras nuances de tua voz cantarolando em falsete,
dando ritmo as mulheres que te adornavam o solo.
E já sabia que um dia tu descerias do tablado,
e buscar-me-ia com os olhos em meio ao público.
E quando me achasses, sorririas,
e com calma entrarias em minha vida,
como se há muito ela já fosse tua.
De antemão, eu sabia que me olharias nos olhos,
e me afagarias as mãos.
E que me dirias coisas profanas ao ouvido.
Segredos nossos, do que ainda teríamos a sobreviver,
mas que eu já colecionava e, por isso, não me assustavam.
Disso tudo eu sabia,
porque antes do fim do show de tua vida,
antes de desceres do palco
eu já havia pedido licença ao meu sagrado
e tratara de exercer minha arte, o meu ofício,
para restituir-lhe o feitiço em gênero e em número,
mas em grau mais intenso.
Para ter-te meu, como me tinhas,
Tive que te fazer cativo do meu enredo.
Teci-lhe uma longa e emaranhada história,
cheia de nós e pontos reversos,
na qual eu trançara, cuidadosa e antecipadamente,
o roteiro que eu queria que tivesse a nossa sobrevida.
Pedi licença ao teu profano
e estreei no teu palco a minha fábula,
cheia de heróis, príncipes,
capas, espadas e dragões vencidos.
Nela, não haveria piedade para os maus.
Também não haveria donzelas,
até para que não houvesse necessidade de dublês
e com isso inchasse o orçamento
– já que dinheiro é sempre problema nos relacionamentos.
No palco, só eu e você.
E o final era de múltipla escolha,
qualquer deles, venturoso.
É que tínhamos nos pulsos
De antemão, eu sabia que me olharias nos olhos,
e me afagarias as mãos.
E que me dirias coisas profanas ao ouvido.
Segredos nossos, do que ainda teríamos a sobreviver,
mas que eu já colecionava e, por isso, não me assustavam.
Disso tudo eu sabia,
porque antes do fim do show de tua vida,
antes de desceres do palco
eu já havia pedido licença ao meu sagrado
e tratara de exercer minha arte, o meu ofício,
para restituir-lhe o feitiço em gênero e em número,
mas em grau mais intenso.
Para ter-te meu, como me tinhas,
Tive que te fazer cativo do meu enredo.
Teci-lhe uma longa e emaranhada história,
cheia de nós e pontos reversos,
na qual eu trançara, cuidadosa e antecipadamente,
o roteiro que eu queria que tivesse a nossa sobrevida.
Pedi licença ao teu profano
e estreei no teu palco a minha fábula,
cheia de heróis, príncipes,
capas, espadas e dragões vencidos.
Nela, não haveria piedade para os maus.
Também não haveria donzelas,
até para que não houvesse necessidade de dublês
e com isso inchasse o orçamento
– já que dinheiro é sempre problema nos relacionamentos.
No palco, só eu e você.
E o final era de múltipla escolha,
qualquer deles, venturoso.
É que tínhamos nos pulsos
como garantia de vida, a marca dos afortunados.
O sinal profundo, feito a ferro e fogo
O sinal profundo, feito a ferro e fogo
pouco depois do nascimento,
e que nos identificaria quando, enfim, nos defrontássemos.
Por ele, perdíamos o medo,
pois sabíamos que juntos,
separados pela vida ou por outros amores.
Em qualquer dos finais, seríamos “felizes para sempre”.
pois sabíamos que juntos,
separados pela vida ou por outros amores.
Em qualquer dos finais, seríamos “felizes para sempre”.
Dydha Lyra disse: "Rita Mendonça, é advogada atuante em Inclusão Social , e dotada de sensibilidade aguçada na arte da poesia! "
O dia lhe acordou suspenso
E no sonho havia um pedaço de luz
Solto no mundo.
E então, ele
Fez um buraco na noite e
Vazou do sonho e
E enveredou a colorir o mundo.
De azul ele pintou as portas
E de verde as janelas das casas tristes
Os telhados, luz da cor do sol
E nas ruas,
Antes de estender um tapete de flores
Estampou uma nesga de vento sob a luz do Sol.
O mar
Deixou como estava
E convocando crianças e velhos
Se fez pai dos órfãos
Acalmou os loucos
E completando as palavras
Das estórias tristes
Aqueceu contos e silenciosamente
Espalhou sonhos debaixo das portas.
E depois de estar muito cansado
E da certeza ter da sala farta em vinhos,
Descosturou os rombos da noite, voltou ao sonho
E se prostou a dormir, quase anjo.
Pois era assim
Que deveria estar o mundo
Quando a amada ao escutar
O silêncio dos lobos
Acordasse da noite
E resolvesse conhecer a terra de seu corpo.
E no sonho havia um pedaço de luz
Solto no mundo.
E então, ele
Fez um buraco na noite e
Vazou do sonho e
E enveredou a colorir o mundo.
De azul ele pintou as portas
E de verde as janelas das casas tristes
Os telhados, luz da cor do sol
E nas ruas,
Antes de estender um tapete de flores
Estampou uma nesga de vento sob a luz do Sol.
O mar
Deixou como estava
E convocando crianças e velhos
Se fez pai dos órfãos
Acalmou os loucos
E completando as palavras
Das estórias tristes
Aqueceu contos e silenciosamente
Espalhou sonhos debaixo das portas.
E depois de estar muito cansado
E da certeza ter da sala farta em vinhos,
Descosturou os rombos da noite, voltou ao sonho
E se prostou a dormir, quase anjo.
Pois era assim
Que deveria estar o mundo
Quando a amada ao escutar
O silêncio dos lobos
Acordasse da noite
E resolvesse conhecer a terra de seu corpo.
Dydha Lyra disse : "Édson Bezerra, músico, poeta, ator, antropólogo.Um talento pulsante!!!"
DURANTE O CARNAVAL
Yonaré Flávio
Tambores que me fazem percorrer ruas bêbadas
Um enebriado eu na rua entre tantas felicidades efêmeras como todas são,
A verdade travestida em fantasia dança
Se todo mundo é rei, rei não há,
Dias em que homens e mulheres são rainhas loucas
Um recital de trompetes e gargalhadas...
Carnaval é revolução que passa...e volta!
Dydha Lyra disse: "Yonaré Flávio, é poeta e funcionário público."
Tambores que me fazem percorrer ruas bêbadas
Um enebriado eu na rua entre tantas felicidades efêmeras como todas são,
A verdade travestida em fantasia dança
Se todo mundo é rei, rei não há,
Dias em que homens e mulheres são rainhas loucas
Um recital de trompetes e gargalhadas...
Carnaval é revolução que passa...e volta!
Dydha Lyra disse: "Yonaré Flávio, é poeta e funcionário público."
Se eu gostei???
ResponderExcluirPara mim é uma honra, qualquer reconhecimento vindo de Dydha Lyra!
Muitíssimo obrigada pelo espaço e pelo carinho.
Eu é que agora vou publicar no meu blog que "estou podendo", pois um ícone alagoano acolheu minhas palavras.
Um forte abraço!
Lindo Poema, linda Poetiza, irRITAda Estrela repleta de luz e singeleza inquieta... Já me faltam adjetivos para descrever meus sentimentos a cada leitura feito desse poema. Grato pelo aviso meu grande ancião dos espíritos das artes alagoanas...
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